sexta-feira, 6 de setembro de 2019

"Um olhar de cuidado (e amor) para com o outro"

Lembrança de Julho de 2017. Foto: Alessandro Maschio (sempre impecável) 


Formar um filho não é limitar nossos anseios a esse dia lindo da conclusão da faculdade, mas essa (de julho de 2017, há dois anos) é uma das lembranças que mais me emocionam, porque conheço o esforço de minha filha para isso, bem como para tudo o que faz. Minha menina valente!

Eu acredito que nada se faz bem sem amor nessa vida. Nada, nem esfregar roupa. Se você tem a capacidade de olhar com amor para qualquer situação, ela ganha nuances que te permitem descobrir a melhor maneira de lidar. É treino e não é simples, nem fácil e nem quer dizer que eu consiga todos os dias, mas acredito e me esforço.

Meus nonos cuidaram da terra com amor e acariciaram seus filhos com as mãos surradas da lavoura. Meus avós mexeram muito doce na lata que queimava na fogueira de madrugada - a mesma que meu pai cuidava aos 7 anos de idade -, cuidaram da casa de chão de terra batido e ficaram dias e noites no caminhão pelas estradas, longe da família e do descanso de um lar, para que os filhos aprendessem que a distância, a dedicação e o suor do outro são dignos de respeito e que todo o esforço era por amor. Meus pais tiveram que aprender, desde muito cedo, que conquistas são diárias, que dificuldades devem ser as pedras para a construção dos sonhos e fizeram disso o alicerce para o melhor cuidado e conforto que poderiam oferecer a mim e meus irmãos. Quantos das famílias viveram nessas semelhanças!

Eu sei que a vida pode dar e tirar a qualquer instante e isso não nos torna menos merecedores do melhor, da dádiva de acordarmos sob a luz de dias vitoriosos. Minha filha é um resumo tão bom de todas essas pessoas.

Se eu fosse desenhar essa nossa história, seria uma escada para além das nuvens, ela em seus primeiros degraus sendo amparada, incentivada, puxada amorosamente pelas mãos de todos esses agentes da nossa história particular, que inclui outras lindas e importantes narrativas do lado paterno.

Ela é grata pela inspiração para um olhar de cuidado para com as outras pessoas. Isso honra o que acredito como verdadeira formação de um filho. Um olhar amoroso para a vida, seja a de quem for, só se forma dentro de nós a partir do respeito e responsabilidade com o amor que recebemos. Essa sim, é a melhor das lembranças desse momento.

Grande abraço!

Dani

quarta-feira, 14 de março de 2018

O transtorno que o excesso pode causar



Olá, leitores queridos! 
Quanto tempo, neh? Saudades! 

Vamos lá! Faço parte de um grupo de mulheres e nos falamos pelo Whats App (interessante que quando este blog foi criado os celulares serviam praticamente para ligar e receber). Nesse grupo, trocamos informações que possam nos auxiliar a evoluirmos como pessoas, a nos reconhecermos melhor como mulheres, dentro de uma proposta de reflexão sobre o feminino... e não quero usar a palavra empoderamento porque me soa a cupcake (receita muito boa da moda).

Dia desses, uma delas postou um vídeo da vlogueira Jout Jout, lendo e comentando sobre um livro intitulado "A parte que falta", de autoria do ilustrador americano Shel Silvestein. As opiniões pipocaram no grupo: uma defendeu que a falta significava busca constante, outra criticou a questão da valorização da incompletude, alguém se sentiu representada, a que postou ficou ofendida, mas a conversa valeu muito mais que os insuportáveis gifs de "bom dia" com a fumacinha evaporando da xicrinha de café.

O vídeo, claro, está aqui para quem quiser ou não se identificar e tirar suas próprias conclusões. Acho que hoje em dia tem muita gente opinando no sentido de se tornar celebridade. A Jout Jout, confesso, não acompanho, mas já vi algumas vezes, por indicação da minha filha e achei muito legal. Ela é uma dessas muitas celebridades jovens da nova era tecnológica e admiro o fato de conseguir arrematar seguidores apenas com suas ideias. Isso certamente é o que a credencia como celebridade. Tanto que o livro entrou para a lista dos mais vendidos após o vídeo viralizar. Parabéns, Jout Jout! 

Sobre o vídeo e as opiniões do grupo, quero compartilhar a de minha amiga Mônica Salles, jornalista, uma pessoa pertinente, amorosa, estudiosa, da paz e que provocou o delicioso debate. Para a Mônica, foi "um desserviço à jornada da autoestima e autoconhecimento um vídeo como este da Jout Jout, que propaga tão insistentemente sobre a “falta”. Fiquei entristecida pois me veio à mente tantas amigas e familiares que ainda vibram nesta falta e sofrem, sofrem muito. Aqui temos um grupo consciente que entende que somos seres completos mas, infelizmente, muitas mulheres, boa parte delas, se sente daquele jeito que ela, num episódio catártico, exibiu ao mundo. E aí temos que estar sempre atentas a sair costurando, reconstruindo, ajudando amigas a diminuir o efeito de um discurso impactante desses. Desejo que todas estejam vibrando na completude e no amor para seguirmos emanando sentimentos amorosos e acolhedores para que nossas outras irmãs deste mundo afora se atentem para a infinita paz e “todo divino” interior". 

Eu penso que, segundo a história contada pela Jout Jout, a falta demonstra a insatisfação e a inobservância do ser como um todo, o que leva a bolota ( personagem do livro) a distrair-se por pensar, focar demais no objetivo e deixar de curtir a beleza do caminho. Acho que nos completamos com questões internas e externas, por isso somos consumistas de tudo: bens materiais, sabedoria, flores, opiniões, são buscas e todas voltadas para nos fazer felizes, mesmo quando não fazem. O objetivo ao menos é esse.

No vídeo, a Jout Jout faz o que estamos fazendo aqui: expõe sua opinião a partir de suas experiências, inclusive em consultório. Aliás, opiniões são assim, a partir de nossas experiências, e até mesmo o que refutamos, pode ser motivo para reflexão. Por que estamos negando?

Por outro lado (e é mais esse mesmo que defendo), acho que se refletirmos tanto sobre tudo, nos tornamos pessoas chatas, metódicas, "encaixotadas". Tenho uma amiga, a querida Zazá lá da minha amada Campo Grande (MS), que me disse certa vez, em um momento de muita "falta", que refletir demais na maioria das vezes nos impede de vivermos naturalmente. Isso significa ligar o foda-se, sentir os sabores, permitir que a borboleta pouse sobre nós, apostar corrida com um besouro, amar quem não se encaixa, deixar quem até se encaixava, ser feliz ou sofrer com essas decisões. Tudo traz uma lição e, por experiência, nem toda lição a gente aprende. Às vezes voltamos a ela e outras somente seguimos. Vida é tudo o que está dentro, fora, ao nosso redor. E quem está certo ou errado?

Vamos aqui neste link ao vídeo da Jout Jout... e a novas ou semelhantes conclusões.

Um beijo carinhoso e até a próxima!

OBS.: em breve, tem novidades do Linha na Pipa.